segunda-feira, 15 de abril de 2013

A cena contemporânea na formação do espectador





“Todas as pessoas podem entender e sentir prazer em uma obra de arte porque todas têm algo artístico dentro de si”.
(DESGRANGES, Flávio. 2006)

 



O Projeto A cena contemporânea na formação do espectador visou principalmente a intersecção do processo educacional e artístico (por meio oficinas) com a apresentação teatral (espetáculo "performance.
Exercícios para ser e não ser"). Portanto, a proposta foi de desenvolver oficinas de teatro voltadas para a linguagem contemporânea, como o teatro-performativo e a performance.
Este projeto foi contemplado pelo PROGRAMA MAIS CULTURA: MICROPROJETOS RIO SÃO FRANCISCO, sendo desenvolvido no segundo semestre do ano de 2012. Contamos com a participação e colaboração da Escola Estadual Dom Pedro II, Escola Estadual do Ensino Médio e IFMG, ambos na cidade de Ouro Preto-MG. 
Apoio: Departamento de Artes Cênicas - DEART - UFOP.



Ser ou não ser - eis a questão.
Será mais nobre sofrer na alma
Pedradas e flechadas do destino feroz
Ou pegar em armas contra o mar de angústias –
E combatendo-o, dar-lhe fim? Morrer; dormir;
Só isso. E com o sono – dizem – extinguir
Dores do coração e as mil mazelas naturais
A que a carne é sujeita; eis uma consumação
Ardentemente desejável. Morrer – dormir –
Dormir! Talvez sonhar. Aí está o obstáculo!
Os sonhos que hão de vir no sono da morte
Quando tivermos escapado ao tumulto vital
Nos obrigam a hesitar: e é essa reflexão
Que dá à desventura uma vida tão longa. (Trecho de Hamlet - Shakespeare)

DESVIO




A pesquisa de linguagem do espetáculo "Desvio" é permeado pelo estudo do corpo na contemporaneidade, baseando-se na Biopolítica e na perspectiva crítica circunscrita em seu conceito de “corpo sobrevivente”[1]. Como elemento transversal da presente pesquisa foi eleita a série “As Bonecas” do artista alemão Hans Bellmer e como linguagem cênica o estudo em teatro-performativo.
Dessa maneira, através de um trabalho autobiográfico, a escrita cênica se constrói a partir da presença dos atores em diálogo com material audiovisual que guiam a ação cênica, visando a desconstrução do corpo em decorrência dos degastes sociais





Os mecanismos diversos pelos quais se exercem esses poderes são anônimos, esparramados, flexíveis. O próprio poder se tornou pósmoderno. Isto é, ondulante, acentrado (sem centro), em rede, reticulado, molecular. Com isso, o poder, nessa sua forma mais molecular, incide diretamente sobre as nossas maneiras de perceber, de sentir, de amar, de pensar, até mesmo de criar. (PELBART)
                                                      


                                                        Assista aqui o release




[1] Esses estudos são baseados nas pesquisas do filósofo Michel Foucault e do filósofo Peter Pál Pelbart. 

III Congresso Internacional para porcos e afins


O Coletivo Quando Coisa participou da A-Mostra.Lab - mostra de cenas curtas que objetiva o fortalecimento da cena teatral em Belo Horizonte - com a   cena "III Congresso Internacional para porcos e afins" em julho de 2012.




Esse trabalho tem como impulso de criação a notícia de jornal que retrata a história da menina encarcerada e violentada por seu padrasto em um galinheiro. Por meio da síntese poética e visual, os corpos (feminino e masculino) se movimentam por meio de seus duplos arquetípicos, o porco e a galinha. A presença desses corpos é permeada pela violência das relações de poder e deseja atravessar também os outros corpos participantes que congregam (existem simultaneamente) em torno da barbárie universalizada.




"menina não se esqueça de escovar os dentes podres que eu te dei antes de ir pra cama e ver seu pai foder a fada e enfiar a faca na geleia de amendoim que sai da sua boca tão pura tão seca não se esqueça de afogar o gato pra que o sapo venha e vire um príncipe bem jovem frio e calculista pra te cantar uma linda canção de guerra que fale de meninas e maçãs talvez de evas pra você dormir de bruços e acordar e morrer como faz todos os dias de manhã depois da primeira cicatriz depois de dar milho às galinhas de dentro do seu pequeno e jovem útero rosa onde você esconde suas pulgas e seus calafrios para o almoço que cozinha na varanda do galinheiro embaixo do porco que ri da sua dança do seu desespero de menina invadida". (Thálita Motta)



O RESTO É INVENÇÃO!


O resto é invenção" foi livremente inspirado nos poemas de Manoel de Barros, por meio da criação coletiva, buscamos com este espetáculo experimentar possibilidades cênicas a partir do universo das “pequenezas” proposto por Manoel de Barros em sua obra, da mesma forma desenvolver este universo experimentando-o no espaço aberto. Neste sentido, o trabalho se configura a partir de alguns poemas de Manoel de Barros costurados pela poética cênica do teatro de rua e da intervenção urbana. O espetáculo tem como objetivo não somente recitar esses poemas, mas também trabalhar com os objetos e paisagens propostos pelo autor, numa perspectiva lúdica, intervindo no espaço através da palavra, da imagem, da ação, do som entre outros aspectos sinestésicos. Em suma,  intervir poeticamente no espaço e no público presente.
 




Borboletas me convidaram a elas.
O privilégio insetal de ser uma borboleta me atraiu.
Por certo eu iria ter uma visão diferente dos homens
e das coisas.
Eu imaginava que o mundo visto de uma borboleta -
Seria, com certeza, um mundo livre aos poemas.
Daquele ponto de vista:
Vi que as árvores são mais competentes em auroras
do que os homens.
Vi que as tardes são mais aproveitadas pelas garças
do que pelos homens.
Vi que as águas têm mais qualidades para a paz do
que os homens.
Vi que as andorinhas sabem mais das chuvas do que
os cientistas.
Poderia narrar muitas coisas ainda que pude ver do
ponto de vista de uma borboleta.
Ali até o meu fascínio era azul.
(Borboletas - Manoel de Barros)




Performatite – Encontro de Coletivos








O Coletivo Quando Coisa juntamente com os coletivos: OBSCENA – agrupamento independente de pesquisa cênica, N3Ps – nômades permanentes pesquisam e performam , Coletivo Líquida Ação e As Incríveis Laranjas Podres Performáticas participaram do Circuito Performatite promovido pela “Multicultural Produções Artísticas – Empresa Júnior de Artes Cênicas e Música” durante a oitava semana de artes "O Almanaque das Artes: reflexos e refrações artísticas na sociedade" da Universidade Federal de Ouro Preto realizada em maio de 2012.