quarta-feira, 7 de março de 2012

Exercícios para ser e não ser

"Exercícios para ser e não ser" é um experimento cênico performático, que tem como base do trabalho uma re-ação dos artistas sobre a as obras "Hamlet" de Shakespeare e "Hamlet Máquina" de Heinner Müller. Com a encenação propomos uma leitura do "ser ou não ser" na contemporâneidade, a partir de experiencias pessoais dos atores e do trabalho desenvolvido dentro da sala de ensaio.

Construído a partir do processo colaborativo o que buscamos com este trabalho, esta ligado as relações entre o que é ser e não ser; pensamos que estes estejam conjugados, devido as diversas formas de acondicionamento e e padronização das relações e das ações dos corpos na vida cotidiana. Neste sentido cada artista trás para o processo de criação questões pessoais e coletivas - levando em consideração que o enunciado é sempre coletivo, ainda que emitido por uma singularidade solitária - a fim de expor estas través da cena. 

"morto/vivo/morto/vivo/morto/vivo/morto/vivo/morto/vivo/
morto/vivo/morto/vivo/morto/vivo/morto/vivo/morto/vivo/
morto/vivo/morto/vivo/morto/vivo/morto/vivo/morto/vivo/
morto/vivo/morto/vivo/Morto: fim, zero, cova, frio absoluto, ades, estagnação absoluta. Eu estagnado.
Eu privilegiado." 

"Isso respira, isso aquece, isso come, isso caga, isso fode. Uma máquina-órgão é conectada a uma máquina-fonte: esta emite um fluxo que a outra corta. A morte como um intervalo entre mim e mim. Morrer, dormir só isso. Morrer (deixar de ser) voltar a ser."
"Eu não represento Hamlet. Eu não represento Ofélia. Não recebo o fantasma de meu pai. Não sou a filha controlada e seduzida e ensandecida nem a suicida. Não sou o príncipe perturbado pelo pai, pelo tio e nem pela mãe. Sou e não sou Hamlet/Ofélia. Eu sou a pergunta. SER OU NÃO SER, EIS A QUESTÃO."





 "Eu sou...

Eu não sou...
Eu sou Hamlet
Eu sou Ofélia
Eu não sou Ofélia
Eu não sou Hamlet
Eu não sou..."






"Eu sou Ofélia. Aquela que o rio não conservou. A mulher na forca. A mulher com as veias cortadas. A mulher com a cabeça no fogão a gás. Ontem deixei de me matar. Estou só com meus seios, minhas coxas, meu ventre. Rebento os instrumentos do meu cativeiro – a cadeira, a mesa, a cama. Destruo o campo de batalha que foi o meu lar."

"Na solidão dos aeroportos Eu respiro aliviado
Eu sou Um privilegiado
O meu nojo
É um privilégio
Protegido por muralhas
Arame farpado prisão
Não quero mais comer beber respirar amar uma mulher um homem uma  criança um animal. Não quero mais morrer. Não quero mais matar.
Arrombo a minha carne lacrada. Quero habitar nas minhas veias, , na medula dos meus ossos, no labirinto do meu crânio. Retiro-me para minhas vísceras. Sento-me na minha merda, no meu sangue.
N’algum lugar são rompidos ventres para que eu possa morar na minha merda. N’algum lugar ventres são abertos para que eu possa estar sozinho com meu sangue. Meus pensamentos são chagas em meu cérebro. O meu cérebro é uma cicatriz. Quero ser uma máquina. Braços para agarrar pernas andar nenhuma dor nenhum pensamento."

Atores/Performers: Bárbara Carbogim, Everton Lampe e Marcelo Fiorin
Som: Henrique Rocha
Direção: Paulo MaffeiAssistência: Thálita Motta  

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